Efeito Diamante: fragmentos experimentais de uma jornada incomum
Por Flávio Tobler
Limites de nossa percepção: É comum nos empolgarmos diante de um fato inusitado, que por razões desconhecidas pode ocorrer com a gente ou até com um grupo de pessoas. Vez por outra, qualquer ser humano pode passar por situações aparentemente inexplicáveis. É preciso muitas vezes, mergulhar profundamente em diversos campos da ciência para encontrar respostas mais objetivas e convincentes. Existe ainda a possibilidade de termos apenas fragmentos do que suponhamos ser a verdadeira explicação para algum fato ou uma sequência deles. O mais importante em tudo isso é deixarmos a “poeira baixar” com diz um velho ditado. Para que desprendido das emoções,de crenças e suposições pessoais possamos avaliar, descrever momentos experimentais que vão nos dar mais tarde embasamento em grande parte teórico. Tornando-se um bom começo para possíveis conclusões posteriores. Através disso, toda uma cadeia de acontecimentos irão “moldar” as palavras, os textos, as narrativas que vem antecedendo um livro, uma produção cronológica de fatos.
O que supomos ser a realidade, está na verdade conectado ao que conhecemos. Os limites de nossa percepção está enraizado no que aprendemos, sentimos, vivenciamos no decorrer de nossa vida. É preciso que estejamos abertos, antenados para situações inusitadas. A experiência na verdade não precisa ser rotulada ou enquadrada aos padrões da sociedade. O que torna ela real ou imaginária talvez seja a intensidade que foi vivenciada. Quanto mais ela nos impressiona, mais cria argumentos favoráveis de sua possível materialidade. Os fatos narrados a seguir, refletem experiências vivenciadas pelos pesquisadores, bem como dos populares que morando ou não naquela localidade, foram protagonista de situações inusitadas. Alguns deles relacionados a ufologia, e outros caminhando para uma vertente que merece talvez a longo prazo de muitas explicações.
O cenário interiorano: Desde julho de 2008, a upupi concentrou suas pesquisas no povoado Mandacaru, que pertence ao município de Matões, no vizinho Estado do Maranhão. Através de informações colhidas pelo pesquisador Denes Filho e de contatos estabelecidos com moradores daquela localidade, foi possível estabelecer um “QG” na residência do Senhor Djalma Medeiros. Fomos acolhidos desde nossa primeira investida investigativa, o que criou um vinculo de amizade já bastante característico as nossas viagens. Pela forma de nos comunicarmos,respeitando as diversidades regionais, bem como procurando sempre que possível interagir aos costumes,crenças e a vida cotidiana desses moradores, nos permitiu abrir as “portas” para nossas produções videográficas. Esse não é um cenário fácil, pois revelar fatos possivelmente ufológicos e sobrenaturais expõe pessoas a críticas, gozações e ridicularização. Ao longo do tempo, aprendemos que a experiência não pertencem somente aqueles que vivenciaram algo incomum, mas que nós pesquisadores somos os verdadeiros experimentalistas. Porque dividimos, e muitas vezes vivenciamos uma dupla realidade. Uma que cerca nosso cotidiano, e outra que abre um leque para indagações, suposições, e teorizações.
O cenário mandacaruense teve com saldo diversos vídeos. Entre eles o Alta Tensão em Mandacaru, que resultou em 11 produções. Seguida de Experiência em Mandacaru: em busca dos avistamentos( mais 5), E mais uns 6 vídeos divididos entre trailers e outros. As investigações cessaram no final de 2009, finalizando com uma produção em parceria com o programa Caminhos e Trilhas, exibido pelo Canal 7, do Sistema Meio Norte de comunicação. Todo o resultado se encontra disponível em nosso site.
Naquele povoado construímos boas amizades, o que nos trás muitas recordações. E nada impede, que quando a saudade bater mais forte, possamos fazer uma visita a família Medeiros e vizinhos tão acolhedores. Entre eles Moisés, figura de um carisma, que logo se tornou além de protagonista de possíveis vivências ufológicas, como também informante de outros acontecimentos. Foi através dele que conseguimos boas entrevistas, bem como vigílias em lugares distintos naquela localidade.
No dia 25 de Julho de 2009, estivemos por lá para mais uma linha de investigação. Sabíamos que Moisés e outros dois moradores avistaram um objeto luminoso há uns quinze dias antes de nossa chegada( dia 10 daquele mês aproximadamente). Nos deslocamos até sua residência, e em conversa informal, acertamos que íamos com ele até o local do ocorrido para uma entrevista. A região pertence a um povoado vizinho, distante uns 4 a 5 quilômetros de Mandacaru. Almoçamos na casa dos Medeiros e depois aos preparativos de bagagem para mais uma jornada upupiana. Dessa vez romperíamos os limites daquela localidade e conheceríamos outro de nome Diamante. Fiquei pensativo quanto ao que iríamos encontrar. Haveria chance de vermos alguma coisa? Entre tantas perguntas e imagens que vinham na mente, procurei seguir os passos que antecedem uma vigília.
Chegamos ao povoado no final da tarde. No carro além de mim, Mardônio Jr., Denes Filho e Aristides Oliveira. Moisés acompanhava de moto com sua esposa e o casal de filhos. Além da entrevista in loco, ele iria participar mais tarde de um culto evangélico. Temos observado que muitas das manifestações supostamente ufológicas independem das crenças pessoais. Grande parte dos entrevistados naquela região pertencem a este segmento religioso.
Paramos em uma residência, e logo percebemos que pertencia ao proprietário das terras que iríamos passar a noite. Era preciso pedir autorização e informa-lhe dos nossos objetivos. Nosso guia conversou com ele, e rapidamente veio ao nosso encontro. Tivemos uma conversa informal de como chegar ao ponto escolhido. Logo depois deixamos o veículo em outra casa e de posse das mochilas e acessórios começamos nossa já rotineira caminhada para mais um trajeto interiorano.
O percurso foi de três a quatro quilômetros. Tivemos que avançar os passos, pois o Sol já estava “sumindo”. A caminhada foi feita em quarenta e cinco minutos aproximadamente. Moisés como estava de moto seguiu juntamente com Denes para enfiar as estacas no chão. Que seriam usadas na armação das nossas redes. Enquanto isso seguíamos o percurso desconhecido que em alguns momentos cruzavam com outras rotas. Finalmente encontramos o sinal combinado anteriormente,a mala. Que indicava a nossa entrada ao ponto determinado. Ao aproximarmos, ouvimos conversas que já mostrava onde iríamos passar a noite. Começava ali a abertura de novas possibilidades. Buscávamos um certo preparo, um condicionamento que permitisse ampliar novos horizontes de compreender essa fenomenologia. O que a noite nos reservaria?
Depois de algumas estacas enfiadas, cadeiras espalhadas, e a abertura da mala que se transforma em mesa com quatro cadeiras, permitindo que sobre ele seja feito a distribuição dos alimentos que seriam consumidos durante a madrugada, as câmeras foram voltadas para a narração do nosso guia. Conta ele, que estava com dois companheiros de caça, divididos entre árvores ali existentes. Joaci Medeiros, seu amigo, observou uma movimentação luminosa se aproximando daquele local e tratou de alertá-los. Pensou Moisés inicialmente que se tratava de um satélite, mas foi rebatido verbalmente pelos outros. Estes afirmaram em se tratar do “aparelho” tão comum aquela região. Algumas dúvidas rapidamente se transformaram em convicções de que realmente era aquele objeto misterioso. Estavam convencidos da necessidade de ficarem quietos e não chamar muita atenção. Isso facilitou muito a camuflagem. Em alguns momentos o ovni chegou bem próximo e talvez não “investiu” porque os caçadores não ligaram suas lanternas. Notaram dessa vez que o mesmo oscilava em sua cor e luminosidade. algum tempo depois afastou-se e desapareceu no firmamento.
Momentos depois daquela entrevista, convidamos Moisés para um rápido lanche e conversa informal. Nosso guia havia cumprido sua missão e seguiu no sentido inverso a nossa chegada. Iria participar logo mais de um encontro religioso naquele povoado. As estrelas indicavam o final de um turno e o início gradual de mais uma longa e cansativa vigília. O condicionamento se fez necessário, bem como a coragem de encarar o desconhecido.
O diálogo entre o grupo foi interrompido pouco tempo depois. Percebemos uma certa luminosidade se aproximando a quase um metro do chão. Aquilo vinha em nosso sentido, como que seguindo a estrada que dava acesso ao local que estávamos. A ansiedade misturou-se com a curiosidade e logo identificamos como sendo um aparelho de origem terrestre. Alguém conduzia uma moto ao nosso encontro. Na penumbra, e em sequência ofuscados pela claridade, só descobrimos a identidade do condutor quando estacionou o veículo naquele espaço aberto que estávamos acampado. Era hora de conhecer aquele senhor que havia nos dado informações anteriormente. Não sabíamos que o grande foco da noite estaria voltado para Raimundo Brasil, 60 anos. Proprietário daquelas terras. O mesmo havia autorizado a nossa pernoitada no centro do “Zé rosa”, como era conhecido aquele local tão ermo e cheio de possibilidades. Lentamente e informalmente a conversa foi fluindo e chegando no ponto que esperávamos...os relatos ufológicos.
A princípio, achamos que Brasil seria mais um morador que nos contaria sobre fatos acontecidos naquele povoado ou em outros. Fomos surpreendidos quando ele começou a contar a sua história, sua experiência incomum. Não era um simples avistamento, mais sim um acontecimento que teve efeito. Fato que rendeu mais tarde a produção de um vídeo com o nome de Diamante: no efeito da “luz”. Disponibilizado no site e já visto por muitos.
Conta ele que já sabia de outros relatos acontecidos com muitos moradores. Não só daquela localidade, mais também em outros povoados. Principalmente pelo fato de haver uma comunicação muito forte entre eles. A região que pertence ao município de Matões é muito ampla. Mais foi em 2004 que fatos mais marcantes deixaram em sua lembrança, recordações muito forte.
Brasil havia desfeito um comércio promissor no município maranhense de Timon. Devido a violência gerada por uma sucessão de assaltos. Buscando regiões mais pacatas, quis o destino que ele encontrasse aquela localidade para o seu refúgio. hoje ele garante que fez uma boa escolha. As terras onde nos encontrávamos, ele utiliza para plantio(roça) e arrenda também para diversos moradores. Dividindo a colheita. Afirmou-nos com satisfação, que sua aposentadoria e o lucro com a venda de produto agrícola serve só para compra de objetos ou materiais diversos. A fartura da região supri o consumo de alimentos. Sobrando até para emprestar para os amigos.
Foi numa dessas idas e vindas da roça, que um certo dia do referido ano já citado, que Raimundo vivenciou um encontro fora do normal em sua vida. Havia chegado em sua residência, e como de costume trocou de roupa, pegou a toalha e lanterna e saiu pela porta do fundo em direção ao banheiro que fica a alguns metros da referida casa. Não havia nenhum pensamento relacionado as estranhas luzes e os casos já característicos daquela região. É tanto que devido ao horário(19:00 hs aproximadamente), teve que iluminar o caminho e até algumas arvores que têm nos arredores. De repente, no meio do percurso foi surpreendido por uma forte luminosidade. Como diz em suas palavras....alva que encandeava.
Aquele forte brilho foi como um golpe em seu corpo. Violentamente foi de encontro ao chão. Não havia forças em sua musculatura. A sensação era semelhante a uma grande descarga elétrica acompanhada de uma terrível frieza. Buscando aquele instinto de sobrevivência conseguiu se arrastar e de “quatro pé” ou engatinhando como uma criança que ainda almeja um dia andar, entrou pela porta que havia saído. Seus familiares estavam na sala e perceberam aquela estranha movimentação e o socorreram. Conta ele que o episódio foi muito rápido, mas que deixou sequelas no corpo por uns três dias. Entre elas, a fraqueza, dormência, dor de cabeça, e o frio que ele mesmo afirmou que não havia lençol no mundo que acabasse. Não foi percebido nenhum sinal de febre. Depois deste episódio o mesmo teve ainda duas experiências com a luz misteriosa. Ambas aconteceram durante o trajeto feito de motocicleta no inicio da noite quando se deslocava ao povoado infinito, próximo dali.
Contou-nos sobre outro relato semelhante ao seu, ocorrido no povoado Mucambo de ferro. Este fica não muito distante dali. Um morador que não soube dizer o nome também foi atingido pela referida luz. O caso foi mais forte, pois o protagonista desta experiência teve que ser hospitalizado em Teresina-PI. Ficou internado por três dias. Após o tratamento retornou para a referida localidade.
Indagado sobre o que era este objeto luminoso, tivemos como resposta sua, a opinião de que o misterioso “aparelho”( nome adotado pela cultura nordestina para as aparições), possivelmente fosse como um robô. Enviado de fora para estudo. Também em relação aos seus objetivos, ele contou que já ouviu muitas histórias. Entre elas a notícia de que era para tirar o sangue. Devido a cura de doenças.
Ficamos surpresos com esta reposta, e também com muitas outras ouvidas durante algumas horas que passamos ali com Brasil. Após um leve lanche compartilhado conosco, ele partiu. Ficamos depois analisando o seu relato e fazendo algumas reflexões sobre a sua surpreendente história. Algum tempo passado, voltamos ao condicionamento e procedimento de uma noite de observações. Era hora de encarar a missão do grupo. Observar alguma manifestação possivelmente ufológica.
A lua permaneceu iluminando o firmamento ainda por algumas horas. Sua beleza nos induziu a tirar fotos e também filmá-la. A madrugada parecia como outra qualquer daquela região. E sabíamos que dificilmente conseguiríamos alguma imagem do suposto objeto. Principalmente porque havia conosco aparelhos para possíveis registros. Existe sempre esta incompatibilidade entre o(s) pesquisador(es) e a manifestação. Talvez pela forma inteligente de atuar ou algum mecanismo psicológico ainda desconhecido.
Quase meia noite, fomos incomodados pelo frio que provocava uma sensação térmica insuportável. Por um instante achei que o fato estaria relacionado a alguma manifestação supostamente ufológica. Muitos relatos pesquisados por nós demonstraram uma forte relação com o aparecimento destes “aparelhos” com a baixa temperatura no ambiente. Fui sugestionado a observar mais detalhadamente o espaço sideral que se mostrava iluminado por infinitas estrelas. Pouco tempo depois não havia condição de continuar ali. Arrumamos grande parte do nosso material e caminhamos em direção a um rancho que havia no início daquele desvio da principal estrada. O mesmo ficava a uns 50 metros aproximadamente.
O local era utilizado pelos agricultores para descanso e estocagem de cereais no período do plantio e colheita. Meio apertado, encontramos a forma de nos abrigarmos rapidamente. A cobertura de palha deveria aumentar ou manter a temperatura daquela madrugada equilibrada. A estratégia adotada finalmente havia dado certo. Denes armou sua rede enquanto o restante permaneceram em suas cadeiras inclinadas e com uma ampla visão.
Nas vigílias adotamos a estratégia de nunca o grupo dormir inteiramente. Por questão de segurança, alguns permanecem de plantão enquanto outros podem descansar. Principalmente se tiver que dirigir pela manhã. Mas naquela madrugada todos adormeceram. Ao acordarmos momentos depois, alguns comentários sugiram. Mardônio nos fala de um sonho que repetiu-se por duas vezes. Conta ele que o cenário era o mesmo que estávamos. Em sua narração descreve que um objeto luminoso se deslocou de um ponto não distante e pairou sobre aquele rancho. Sabíamos que as entrevistas feita anteriormente poderia ter provocado uma efeito sugestivo. Depois de alguns comentários, parte do grupo volta a dormir. Continuo acordado e atento ao cenário. Em sequencia um barulho me chama a atenção. Com a lanterna na mão me volto lentamente e silenciosamente para a direita e acendo em direção ao foco principal daquele som. Ao ligá-la, vejo um casal de cotias(animal silvestre da região) roendo alguns coquinho no chão. Possivelmente eram sobras da estadia remota de moradores daquele povoado.
As três horas, levanto para fazer alguns alongamentos. Caminho uns dez metros seguindo em direção ao ponto inicial da nossa vigília. O caminho faz uma sinuosa curva para a esquerda, e resolvo parar bem naquele ponto. Contemplo por um instante aquele cenário remoto e distante dos grandes centros urbanos. Impulsionado pela beleza do espaço sideral, meu olhar fica quase hipnotizado pelas infinitas estrelas e até a visão de uma galáxia vista a olho nu, Andrômeda. Alguns minutos passados, percebo quase na linha do horizonte algo semelhante a um trajeto feito por um meteorito.
Meu cérebro procura por respostas e entendimento para aquela situação inusitada. Na verdade, era como se o trajeto fosse no sentido inverso. Deslocando-se de baixo para cima em altíssima velocidade. Uma leve inclinação e feito em sucessivos quadros, mais velozes. Paro um pouco e fico refletindo sobre o acontecido. Uma bateria de questionamentos passam rapidamente pela minha mente. Ilusão de ótica, sonolência, e vou descartando uma a uma. Já havia presenciado muita coisa no mato, mais aquele episódio veio somar a tantos outros distintos. Volto para a barraca e minha cadeira de descanso. Pela hora avançada, ocorre pouco diálogo no grupo e grande parte volta a dormir. Continuo a vigiar o cenário e fico atento em minhas observações.
Mais tarde, pouco a pouco as estrelas vão desaparecendo. Nossa estrela maior, o Sol, mostra sua majestade. Finalmente chega a hora de arrumar as mochilas, mesa e outras bagagens, e seguir o caminho de volta. O tempo prolonga-se no percurso inverso, fato ocasionado pelo cansaço e uma noite de vigília. Uma hora depois chegamos até a casa de apoio. Colocamos todo material no veículo e partimos rumo a Mandacaru.
Após o café na casa da família Medeiros, ficamos alguns minutos conversando com populares. Outros membros do grupo aproveitaram aquela ocasião para verificar se tudo estava acomodado no carro. Eu observo a minha esquerda, que o ônibus avança pela estrada que passa em frente aquela propriedade. O veículo que tantas vezes usamos em outras vigílias. Era a grande opção de chegar e sair daquele povoado. Conhecíamos o seu itinerário e movido pelo velho hábito de saber se o mesmo estava cumprindo o seu horário, olhei para meu relógio e estranhei a situação. Fiz até um comentário com outros colegas, e ao verificar o tempo real da sua passagem com moradores que ali se encontravam, percebi que a diferença estava no meu. 25 minutos mantinha meu aparelho atrasado. A princípio pensei na possibilidade das baterias estarem fracas. Uma para o mostrador analógico e a outra para o digital. Deixei para acertá-lo somente quando chegasse em casa. Muitos pensamentos repercutiram em minha cabeça no percurso de volta para capital piauiense, Teresina.
Teria aquela noite contribuído com esse fato inusitado?. Para muitos, a explicação seria na falha no equipamento. Pensei até na possibilidade da baixa temperatura tê-lo afetado. Mas descartei a ideia pelo fato do mesmo se encontrar no braço e embaixo de um casaco de lã. A vigília ocorreu quase no final de Julho de 2009. hoje, Outubro de 2010 ainda continua com as mesmas baterias, e nunca mais atrasou. Penso que é chegado a hora de colocar uma nova carga, porque perdi a conta da última troca. Ocorreram ainda outras incursões do grupo posteriormente, mas o fato não mais repetiu-se.
Rotineiramente nos reunimos algumas semanas depois de uma pesquisa de campo. Desta forma, fazemos uma avaliação do trabalho, falhas, metas alcançadas e objetivos. Entre tantos comentários sobre as situações vividas, surgem fatos pitorescos para realçar a experiência naquele povoado. Conta Mardônio que além daquele estranho sonho que teve lá no rancho no local conhecido como centro do “Zé Rosa”, no povoado Diamante, outros aconteceram posteriormente. Eles eram divididos em etapas ou capítulos. Cada dia se tinha a continuação do anterior. Isso aconteceu na semana seguinte da nossa viagem.
Recordando sobre os fatos, conta ele que apareceram três criaturas aparentemente humanas, e pela descrição estavam justamente no local que eu saíra para os alongamentos. Somente uma dela falava, e repassava as outras numa forma de comunicação desconhecida. Olhavam-se mutuamente e concordavam. Um deles mostrou-se curioso para um acessório que um membro do grupo usava por baixo da calça, na altura das canelas(pantorrilhas). Então tivemos que contar que Denes Filho havia feito uma caneleira de PVC, que foi colocado por baixo da calça. O artefato foi construído artesanalmente, pelo fato dos moradores terem alertado sobre a grande quantidade de cobras na região. O receio de picadas, virou mais tarde motivo de piada e sorriso para aquele estranho aparato de vigília.
Outra pergunta era relativo ao objetivo de nossa presença na região. Diante das explicações do nosso trabalho de campo, recebemos o alerta de estarmos correndo perigo naquele lugar. Não houve detalhes esclarecedores sobre a questão. O diálogo continuou ainda por um tempo, mais foi esquecido. Sabemos que informações trabalhadas a nível de subconsciente devem ser anotadas rapidamente após o despertar. Porque algum tempo depois, o conteúdo desfaz-se rapidamente.
O assunto se fez merecedor contar aqui, pelo fato de fazer parte de um conjunto de acontecimentos que envolveu o grupo naquela localidade. Acreditamos que a experiência independe muitas vezes da realidade aparente e tridimensional. Somos a todo instante bombardeados por informações audiovisuais que podem repercutir de muitas maneiras.
Cada mente é um depositário de memórias,sensações,emoções,indagações e múltiplos pensamentos. Cada um reage, incorpora e transforma estas experiências em ensinamentos e condicionamentos que serão usados futuramente. O homem atual procura compreender estados mais profundos do nosso consciente. O caminho é lento e a bagagem é gigantesca. O que temos a longo prazo são fragmentos experimentais, e estes muitas vezes não tem conexão e simetria com outros. Continuamos alimentando um banco de dados sem padrões específicos de análise e conclusão. O tempo parece ser a melhor ferramenta, e em alguns casos pode ocorrer um atraso. Não é culpa nossa, nem do “aparelho”. Talvez seja fruto de algo mais profundo e de escala maior. Nossa visão e interpretação é fragmentalista e superficial. Talvez a chave para a compreensão de muitos fenômenos seja a sintonia, o sincronismo e a percepção de uma realidade mais profunda e não tão materialista. Acredito que trabalhamos quase inconscientemente com outros universos ou níveis existenciais. A própria ciência teoriza onze dimensões possíveis, cada uma dando suporte ou completando a seguinte. Muitas vezes nossos olhos só enxergam e decodificam aquilo que aprendemos ao longo do tempo. Somos ensinados por nossos antecessores, e construímos durante nossa fase existencial, argumentos modelados pela reflexão e pela lógica dos fatos. Um fenômeno, um acontecimento, assemelha-se a um download baixado na internet. O grande volume de informações necessita de tempo, de organização para cumprir seus objetivos. Além de tudo, deve haver o sincronismo entre as duas partes. O que percebemos, é que temos muita informação, mais constantemente misturamos o aparentemente real com o imaginário. A mente ao recordar, trabalha. Este exercício de resgate temporal dos fatos é movediço e inconstante. O conjunto de ideias que construímos sobre nosso mundo, é o suporte para o entendimento de tudo aquilo que nos cerca. Mas, como podemos acreditar em uma experiência fora do comum? Existe subsídios que torna(m) o(s) fato(s) verdadeiro(s)?. Geralmente temos mais perguntas do que respostas.
No momento, os fatos acontecidos no povoado Diamante e seus desdobramentos, representa a dureza de acreditar que houve algo a mais naquela vigília. Talvez o nome dado aquela região simbolize a resistência da rocha tão almejada por muitos. Mais quem sabe o brilho, a magia, o encantamento necessite ainda de uma lapidação. Quantos quilates de informações serão necessários para que todos vejam e acreditem?. Estamos aprendendo gradativamente a lidar com as situações inusitadas. É nossa missão divulgar os fatos, as impressões e os acontecimentos. Nega-las ou omiti-las jamais fará parte do nosso papel. Não somos cientistas, nem exotéricos, apenas experimentalistas. As crenças pessoais margeiam nossos objetivos e não interferem no pensamento do grupo. Sempre que necessário, e olha que são muitas experiências, estamos divulgando a longo prazo a vivência de uma equipe que não ousa ficar parado. Sabemos que a verdade pode está lá fora, ou até dentro de cada um. Ela não tem dono, é absolutamente imutável. Nosso modo de pensar, agir e compreender o universo é que vem se modelando temporariamente. Cabe a nós pesquisadores dessa fenomenologia, se utilizar de novas ferramentas. Mesmo que estas continuem a longo prazo fragmentadas. É o fardo a carregar por uma ufologia que ainda caminha em muitas direções e parece sem rumo.