É comum na pesquisa de campo o deslocamento dos investigadores pela via terrestre. Ou seja, por veículos automotores. Viagens estas que deixam os pesquisadores exaustos por alguns dias. Principalmente pelas investidas e longas caminhadas pelas florestas de cada cidade ou localidade escolhida. Além de percursos que geralmente são feitos por caminhos estreitos,subidas e descidas de morros e até montanhas. Também soma-se ao itinerário as tradicionais picadas de insetos e visitas indesejáveis de animais peçonhentos. Noite mal dormida, ou melhor, desgastante vigília noturna que ainda é necessária para possíveis elucidações dos acontecimentos estranhos em uma determinada região. Munidos de câmeras fotográficas e de filmadoras, os ufólogos deixam-se muitas vezes se abater emocionalmente com o passar do tempo. As difíceis manifestações de supostos ovnis regionais é o grande “vilão” da história investigativa de um pesquisador ou de um grupo. Levando quase sempre depois de alguns anos a momentos finais e a dissociação destas pessoas que objetivavam trilhar por um caminho investigativo e esclarecedor do fenômeno.
Como lidar com “algo” que não conhecemos?. Apenas suspeitamos ou teorizamos sua procedência. Deixamo-nos embalar muitas vezes pela fantasia e a fértil imaginação. Talvez desejamos inconscientemente justificá-los pelo simples fato de não entendermos os mecanismos primordiais de uma pesquisa e reflexão sobre o tema. Ou porque somos envolvidos emocionalmente pelos filmes, livros e revistas que trazem temas consoladores ou aterrorizantes. Essa resposta parece que está na ponta da língua de ufólogos e outros que caminham geralmente por uma vertente quase sempre “alienígena”. Colocamos muitas vezes nossas indagações num caminho ascendente. Ou seja, somos o ponto fixo de origem na superfície plana de um determinado espaço geográfico, olhando para outro ponto geralmente móvel( o ovni). Em outros casos, o observador e o objeto observável estão em constante instabilidade. Principalmente se ambos estiverem numa determinada altitude e angulação. È preciso mantermos o olhar fixo o maior tempo possível e colher informações mais detalhadas, que serão usadas posteriormente.
Se nós, pesquisadores deste vasto campo quase intocável do ponto de vista da materialidade das manifestações, pudêssemos disponibilizar meios diferenciados em nossas pesquisas de campo. Talvez, uma gama maior de informações, estariam disponíveis na formulação de novas ideias, teorias e até conceitos mais representativos e substanciáveis. Com certeza, restaria a própria ciência a aceitar a lógica das ocorrências, se ao nos depararmos com a possível concretude do que está por trás do fenômeno, tivéssemos respostas de como e porque ele se manifesta em nosso meio.
Mas o que faltaria como complemento para estas investigações?. Acredito que um ponto crucial deveria ser direcionado para o entendimento do próprio espaço onde ocorre(m) o(s) fato(s). Principalmente quando estas manifestações perduram por anos ou décadas. Não podemos focalizar somente no possível objeto investigado. Faz-se necessário muitas vezes o vislumbramento do ambiente em ângulos distintos. Ferramenta bastante auxiliadora seria um voo panorâmico da região. Colhendo registros fotográficos detalhado da área. Atualmente a própria internet disponibiliza recursos como o Google Earth. Infelizmente esse só é significativo quando o ponto específico do Planeta tem alguma importância econômica. E grande parte do fenômeno ocorre geralmente em áreas de menor representação. No Nordeste, quanto mais isolada a localidade, maior a possibilidade do fenômeno promover fatos inusitados e com características marcantes.
Esse meio de investigação aérea é bem utilizado pelas forças militares, principalmente em operações que visa a espionagem ou a antecipação de uma operação de guerra. Numa altitude mais elevada os satélites se encarregam também de monitorar e até diagnosticar uma infinidade de fenômenos naturais e artificiais que serão trabalhados por grandes computadores. Como vemos, a visão aérea ou espacial tem lá suas características marcantes, e poderá se tornar um aliado de grande valor investigativo no campo da ufologia. Rapidez no deslocamento de uma equipe, menor fadiga na operação de campo e inúmeras outras possibilidades. Mas o custo operacional ainda é muito alto. Somando ainda pela ausência deste meio de transporte fabuloso nas mãos investigativas de um ou vários pesquisadores. Já outros utilizam para mera observação. Pelo fato de serem pilotos de uma companhia aérea, e também alguns por possuírem aeronaves particulares.
Com certeza, as manifestações ufológicas se utilizam de deslocamentos aéreos por saberem que a prática adotada tem sempre uma valor superior aos que ficam em nível de solo. Sejam elas de origem terrenas ou não, o certo é que essa estratégia ainda não compreendemos. Mesmo que estas ainda não façam parte da nossa realidade, esconde algo maior que nos obriga a olhar sempre em desvantagem. A achar que do alto pertence a divindade, ao superior, ao incompreensível. É chegado o momento que o homem não baixe a cabeça ou levante demais, mais possa olhar o fenômeno ufológico na linha do horizonte. Nem muito longe, e ainda nem tão perto. Mais se aproximando compreensivelmente. Abrindo as “cortinas” e revelando um cenário almejado por muitos.
* Flávio Tobler é membro da UPUPI.Ensaio escrito em 17/07/2010.