Jornada a Serra do Meio:

Entre arranhões e esperanças de uma Ufologia Piauiense como referência nacional

 

*Por Aristídes Oliveira

 

            Ser pesquisador na área ufológica é como caminhar por uma trilha cheia de espinhos, com insetos de variadas espécies sobrevoando sua consciência e causando obstáculos na sua tentativa de busca por um objetivo maior: a experiência da vigília como ponto de partida para a reflexão da fenomenologia UFO. Não estou com metáforas ou buscando belas palavras para caracterizar tal ofício, é literalmente uma trajetória densa e tortuosa caminhar por quase duas horas numa trilha cheia de armadilhas e pedras “infalsas”, que podem ou não te favorecer no êxito da pesquisa.

             A UPUPI (União de Pesquisas Ufológicas do Piauí) mais uma vez mostra que Ufologia se faz com pesquisa de campo e continua (27 e 28 de setembro de 2008) o trabalho na região de Miguel Leão, na Serra do Meio, sempre na tentativa de ampliar a paisagem e zona de observação ufológica. Desta vez tivemos o privilégio de contar com a parceria de Juarez França e Vicente Silva, ambos do programa “Caminhos e Trilhas” para registro desta singular experiência. Eles acompanharam todo o processo de investigação da UPUPI para que fosse possível a elaboração do programa de TV exibido semanalmente na TV Meio Norte, emissora que sempre nos apoiou na divulgação em mídia televisiva do fenômeno.

            O grupo chegou a Miguel Leão por volta das 14h12 e se deslocou juntamente com a equipe do programa (que já estava no local) para a residência do nosso guia e integrante do grupo, Sr. Luís Ferreira, que já estava a nossa espera para iniciar a longa jornada. Depois de uma boa conversa informal e atualizações na área feita pelo Sr. Luís, ele nos contou que recentemente houve um caso de suposto avistamento muito interessante que merecia ser registrado por nós. Trata-se do caso Sebastião Porfírio, residente em Miguel Leão (agricultor) que teve um contato muito próximo de um UFO. O que mais impressiona é a riqueza de detalhes com que narra este senhor a experiência solitária e atormentadora com que passou.

            Segundo ele, o objeto que avistara possuía uma série de ferros que se mexia externamente ao aparelho e flutuava placidamente sem fazer muitos movimentos, com uma engrenagem que seria como uma “calda”, que se locomovia para os lados na traseira do mesmo, havia uma “luz” na ponta como um “sinalizador” que iluminava a área supostamente sondada. Possuía um formato roliço com aproximadamente 2,5 m a 3m de comprimento. Fato interessante é que o aspecto formal do objeto se assemelha bastante ao relato já pesquisado anteriormente pelo grupo informado por Maria da Cruz. Em breve será publicado neste site o depoimento audiovisual de Sebastião Porfírio na íntegra pelo pesquisador Flávio Tobler.

            Devido à convergência deste fato, foi necessário revisitar a Sra. Maria da Cruz. Ela ainda continua traumatizada com sua experiência e adverte ser bastante perigoso ir à busca “deles”, pois até hoje os efeitos dolorosos são sentidos em sua vida particular. Ela recebeu uma descarga de luz diretamente de um objeto que atingiu seu braço esquerdo no meio de uma caminhada que fazia no mato, que afetou o cachorro que estava em sua companhia, vindo este a falecer misteriosamente pouco tempo depois. Tanto Porfírio quanto Maria da Cruz presenciaram a mesma sensação ao se deparar com este objeto: a de “frio” e mal estar provocado pelo contato, que para a Ufologia de campo é algo que foge de qualquer parâmetro de explicação, pois é de supor que, por estar diante de um objeto luminoso, é previsível uma sensação de calor (por ser algo movido por motores ou algo semelhante...), mas aqui as perguntas só fazem aumentar e entrecortar cada vez o caminho para que possamos ter uma noção mais sólida da gravidade destes eventos.

 

Abaixo você confere o esboço do objeto feito por Sebastião Porfírio:

                            

 

Aqui é a imagem feita pela UPUPI, após ouvir seu depoimento atentamente:

                          

 

            A região cada vez mais é envolvida numa atmosfera de mistério, pois desde sua última “onda” ufológica, ocorrida no final dos anos 90 (por volta de 1998) percebemos que está ocorrendo uma possível retomada dessas aparições, pelo motivo de ainda encontramos pessoas simples e humildes, que não tem nada a ganhar com mentiras sistematicamente elaboradas, que compartilham conosco suas experiências e angústias, num clima acolhedor e aberto, onde estas deixam seus afazeres para nos receber, nos hospedar em suas casas simples e receptivas para colaborar com a construção da história do fenômeno ufológico piauiense, que a cada dia cresce não apenas como evento, mas no sentido de melhoria constante de nossas técnicas experimentais e no desnudamento desses fatos intrigantes.

            Assim, revela-se a hipocrisia dos intelectuais em seus gabinetes mofados, guiados não por eles mesmos, mas por teorias e fórmulas/equações que impedem de enxergar o mundo além de sua estante de livros, num academicismo voraz que não provoca interdisciplinaridade, mas compartimentação do saber e elevação do ego, da arrogância e do sono diário da fatalidade, pois estes senhores não conhecem a mistura, a potencialização dos poros, o desapego pela cova da rotina, a sensibilidade para envolver-se com o abismo que é a poesia do desconhecido, que cada vez mais seduz e nos convida para seu esclarecimento.

            Mas esta lamentável situação não impede de se fazer um trabalho árduo e investigativo, pois acreditamos em espaços de circulação e na liberdade de experimentar e repensar constantemente a Ufologia de campo, área que acreditamos ser o caminho mais viável para compreensão do fenômeno, quem acredita que a melhor metodologia é especulação jornalística e vendagem de revistas com figuras e desenhos gráficos para estudantes na puberdade, é bom rever os conceitos de operação ufológica.

            Ao registrar os depoimentos citados, tivemos que iniciar a subida ao morro, pois a caminhada é longa e complicada. Saímos da casa de Luís às 15h47 em direção a Serra do Meio, não imaginávamos o que estava por vir...

            Serra do Meio ( foto Aristides Oliveira)

            A subida de início é plana, mas com o decorrer do percurso é preciso muita disposição física para suportar as dificuldades mais a diante. Somos constantemente cortados pelas famosas “unhas de gato”, planta típica da região e ameaçados de cair ao pisar em pedras soltas, que nos enganam na trilha. Temos que improvisar de malabarista, geólogo, alpinista e acima de tudo: de corajoso. Mas a chegada é digna de aplausos e emoção.

Descendo a Serra do Meio(Foto Aristides Oliveira)

Topo da Serra(foto Aristides Oliveira)

 

            Juntamente com os convidados, tivemos uma vigília produtiva, com o compartilhamento de experiências que estimularam a retomada das pesquisas na região (atualmente estamos trabalhando paralelamente na região de Mandacarú/MA), pois já passamos da fase ingênua de pensar que fazer vigília significava apenas “esperar por homenzinhos verdes em suas espaçonaves”, mas esta atividade é permanentemente configurada como uma ação de debate, troca, reflexão e atualização das concepções filosóficas de cada membro presente na sua relação com a Ufologia e vida, esta primeira em pleno processo de crise e desarticulação provocadas pela intriga de multinacionais ufológicas que conhecem o dinheiro fácil e impedem o crescimento qualitativo da área, mas a segunda, enquanto renovada a cada pesquisa, nos tornará fortes o suficientes para que a UPUPI seja uma das únicas entidades ufológicas no Brasil que atua com ética e responsabilidade no campo, trazendo para o leitor, informações gratuitas e exclusivas na Ufologia piauiense.

            Pesquisa de campo: é o acreditamos por uma Ufologia mais qualitativa.

 

 

*Ensaio escrito por Aristides Oliveira (integrante da UPUPI)

em 28 de setembro de 2008, às 21: 04h.