Vamos trabalhar com interdisciplinaridade, cruzar conhecimentos!É importante que o ufólogo preocupado com a metodologia e rigor técnico atente para algumas questões no procedimento de colher depoimentos e informações sobre UFOs de suas testemunhas.
A historiografia utiliza um método na “captura” de depoimentos de testemunhas vivas que consiste na História oral. Vendo o livro “Usos e abusos da História oral”(ED. Fundação Getúlio Vargas, 6 ed)organizado por Marieta Moraes Ferreira e Janaína Amado, observei que suas técnicas básicas podem nos ajudar em muito a melhorar a nossa prática.No capítulo 19: “Arquivos: propostas metodológicas” feita por Chantal de Toutier-Bonnazi, farei um recorte dos trechos onde mais me interessou e espero que tenha uma utilidade para todos da comunidade.
1. A SELEÇÃO DA TESTEMUNHA:
“De modo geral, deve-se dar prioridade a entrevistas com pessoas de certa idade. Mas nesse caso, é preciso levar em conta o cansaço da testemunha, limitar o tempo das entrevistas e evitar perguntar excessivamente meticulosas.Do ponto de vista cronológico pode acontecer que, decepcionada por não poder responder, a testemunha se perturbe e interrompa ou abrevie a entrevista.”
“Deve adaptar-se a psicologia da testemunha, respeitá-la e estar disposto a tomar pacientemente a conversa, (...)questionamento discreto(...)não falar ao mesmo tempo com ela(...)não insistir e repetir a mesma pergunta de diferentes para vencer as reticências...”
“Criar relação de confiança entre o informante e entrevistador, (...)preparar o esquema da entrevista e voltar alguns dias depois para gravar...”
2. O LUGAR DA ENTREVISTA:
-Entrevista num local mais a vontade onde o depoente e sinta com menos pressão para falar.
-Um lugar que facilite a sua recordação para avivá-la com mais tranqüilidade.
-Ter consciência de que o lugar influencia na entrevista.
3.ENTREVISTAS:
-As entrevistas devem ser conservadas, nunca apagadas, pois vale o caráter oficial.
-Criar arquivo dos trabalhos.
-Antes do procedimento de gravação, o pesquisador deve falar:
1.Nome do grupo
2.Local
3.Hora
4.Entrevistado
5.Entrevistador
“Quanto ao entrevistador, após ouvir a primeira gravação, pode solicitar explicações para aspectos pouco claros.Frequentemente, uma vez terminada a entrevista e desligado o gravador o entrevistado continua falando de coisas interessantes”
Apagar a fita é um crime!!!
4.A TRANSCRIÇÃO:
-“Passagens poucos audíveis podem ser colocadas entre colchetes
-As dúvidas, os silêncios, as rupturas sintáticas, assinalados por reticências. -As palavras usadas com forte entonação serão grafadas em negrito.
-O texto será organizado cuidadosamente em parágrafos, devendo-se atentar para a pontuação, que é imprescindível à a boa compreensão do texto.
-Serão corrigidos em notas os erros flagrantes por parte do entrevistado:datas, nomes próprios, etc.”
A história na sua forma mais simplificada possível nesse rico trabalho de Chantal é um meio a ser seguido para uma possível sistematização gradual da técnica de vigília.
Francisco Aristides é acadêmico de História pela UFPI, membro do grupo cultural APICE e pesquisador da UPUPI.